segunda-feira, 26 de junho de 2017

COMO VOCÊ INTERPRETA – XIV

No capítulo 26 – Novas Perspectivas –, de “Nosso Lar”, André relata o seu encontro com o Ministro Genésio, ao qual, em estudos anteriores, tivemos oportunidade de nos referir. Vocês estão lembrados, daquele “velhinho simpático, cujo semblante revelava, entretanto, singular energia”?! Cremos que sim, não é?! Foi quando, na oportunidade, fizemos menção à idade com que o espírito se apresenta depois da morte do corpo físico – à sua fisionomia, altura, cor de pele, etc.
O capítulo 26 da referida obra marca a determinação do grande cientista Dr. Carlos Chagas, que adotou o pseudônimo de André Luiz, em homenagem ao irmão de Chico Xavier.
Contemos, rapidamente, o caso.
O Dr. Carlos Chagas, conduzido por Emmanuel, foi levada até à cidade de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, para ser apresentado ao Médium Chico Xavier, através do qual, se possível, ele passaria a escrever.
Amigos de Chico contam que, ao ser apresentado ao Médium, que, à época, estava com um pouco mais de 30 de idade, o Dr. Carlos Chagas, não contendo a sua emoção, postou-se de joelhos diante dele – o fato foi relatado pelo próprio Chico, que, em relação à própria mediunidade, sempre foi muito reservado. Se quiserem conferir, consultem o livro “Nossos Momentos com Chico Xavier”, de autoria de Osvaldo Godoy Bueno, um dos diretores-fundadores do IDEAL, em São Paulo – SP.
A reação do Dr. Carlos Chagas, diante da grandeza espiritual de Chico, que ele, certamente, enxergou, fora espontânea, e, assim, o Médium não tivera tempo para evitar a sua ação – porquanto, Chico jamais aceitaria que alguém se lhe prostrasse aos pés.
A apresentação do Dr. Carlos Chagas a Chico deu-se no início da década de 40, mais propriamente em 1943, porém os rumores de um processo que seria movido, em 1944, pela viúva do escritor Humberto de Campos já frequentava as páginas dos jornais e circulavam de boca em boca. Desde 1937, Humberto de Campos, espírito, vinha escrevendo pela lavra mediúnica do Médium de Pedro Leopoldo.
Então, com o intuito de salvaguardar a Causa Espírita, e, evidentemente, o Médium, de mais um possível processo judicial, Emmanuel explicou a Chico que o Dr. Carlos Chagas adotaria um pseudônimo – inclusive com o qual não pudesse ser facilmente identificado, nem mesmo através de seus relatos mediúnicos. Realmente, lendo-se cruamente as páginas iniciais de “Nosso Lar”, não se pode concluir que André Luiz seja o Dr. Carlos Chagas, já que ele, orientado pela Equipe Espiritual que tutelou o trabalho mediúnico de Chico Xavier, recomendou que, neste sentido, poucas pistas fossem deixadas. Por este motivo, o próprio Emmanuel, no prefácio da obra, datado de 3 de Outubro de 1943 (significativa a data, não?!), escreveu:
“Embalde os companheiros encarnados procurariam o médico André Luiz nos catálogos da convenção.
“Por vezes, o anonimato é filho do legítimo entendimento e do verdadeiro amor. (...)
“André Luiz precisou, igualmente, cerrar a cortina sobre si mesmo.
“É por isso que não podemos apresentar o médico terrestre e autor humano, mas sim o novo amigo e irmão na eternidade.”
Bem, para não nos estendermos neste arrazoado, Chico perguntou ao Dr. Carlos Chagas com que nome ele pretenderia assinar o que, porventura, viesse a escrever por seu intermédio. Vendo que um dos irmãos de Chico, do segundo casamento de seu pai, ressonava numa cama próxima, o ilustre cientista perguntou-lhe: - Qual é o nome de seu irmão?... O Médium respondeu-lhe de pronto: - André Luiz!... – Então – disse-lhe o Dr. Chagas –, será esse o nome que adotarei, porque eu também sou seu irmão!...
Simples assim.
Agora, evidentemente, as controvérsias, tão a gosto dos espíritas, existem. Mas este é outro assunto com o qual, sinceramente, não pretendemos perder tempo.
E os comentários que havíamos planejado para o capítulo 26 de “Nosso Lar”, ficarão para a próxima semana. Claro, se até lá o médium não desencarnar por aí, e eu, por minha vez, não desencarnar por aqui.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 26 de junho de 2017.