segunda-feira, 24 de julho de 2017

COMO VOCÊ INTERPRETA – XVIII

No desdobramento do capítulo 27, de “Nosso Lar”, ensinamentos valiosíssimos são transmitidos por André Luiz a todos os que desejam se iniciar, seriamente, nos assuntos da Vida além da morte do corpo carnal.
Antes, porém, retrocedendo ao capítulo 10 – “No Bosque das Águas”, estimaríamos formular breve comentário, que, não raro, nos passa imperceptível – mesmo a nós que, na situação de desencarnados, nos propomos a estudar Obra tão substanciosa.
André Luiz, quando encarnado, fora o grande cientista Dr. Carlos Chagas, que, certamente, desfrutava de uma condição social consentânea com a sua formação acadêmica – estudou em boas escolas, residia em casa confortável, ainda dispunha ele de meio de transporte próprio, diversos cooperadores sob as suas ordens, e, embora vivesse rodeado por doentes, médico humanitário que fora, os de sua mais estreita convivência pertenciam à classe mais privilegiada de então.
O Dr. Carlos Chagas, por contingências de sua posição, mesmo que o quisesse ser, não era mais um na multidão – era o mestre de Medicina, tratado com deferência, Doutor Honoris Causa da Universidade de Harvard e Universidade de Paris, detentor de muitos outros títulos de que se fizera merecedor.
Pois bem. Ao desencarnar, o Dr. Carlos Chagas, que é o nosso André Luiz, viu-se sendo mais um na multidão – mais um entre os milhares de desencarnados que, na década de 30 e 40, residiam em “Nosso Lar”, e se punham a esperar o transporte coletivo – o “Aeróbus”!
Interessante, não?!
O fato nos faz recordar a mensagem que Allan Kardec fez questão de inserir logo no segundo capítulo de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, transmitida por “Uma Rainha de França”, em Havre, em 1863: “Rainha entre os homens, como rainha julguei que penetrasse no reino dos céus! Quanta desilusão! Que humilhação, quando, em vez de ser recebida aqui qual soberana, vi acima de mim, mas muito acima, homens que eu julgava insignificantes e aos quais desprezava, por não terem sangue nobre!”
André Luiz não teve qualquer problema em tomar o “Aeróbus”, mas, com certeza, muita gente habituada a andar na classe VIP, vai ter! Sei de um caso de renomado espírita que, certa vez, ficou contrariado por ter sido buscado no hotel onde estava hospedado por alguém que possuía, digamos, um carro já bastante surrado. Ele chegou até a bater a porta do veículo com violência, com o propósito de ver se a arrancava de vez...
Não se trata de uma piada. Os protagonistas ainda estão por aí, no corpo – bem, pelo menos, até ontem estavam! Tanto o espírita transportado quanto o espírita transportador!...
É... Vai ser dura, deste Outro Lado, a decepção de muita gente viciada em ser tratada, na Terra, apenas e tão somente por “doutor”, sendo que – não digo de Harvard, ou Paris – não possuem semelhante título nem na cidade de nossa simpática Conquista, vizinha de nossa não menos simpática Uberaba.
André Luiz, no ponto, esperando o “Aeróbus”, na companhia de Lísias, para, depois, pegando a fila, esperar ser atendido por Clarêncio, a fim de levar uma carraspana danada! E tem espírita imaginando que será recebido aqui, no Além, com pompa e cerimônia! Seria cômico, se não fosse trágico. É sala VIP em Congressos, hotéis de luxo – de cinco estrelas para cima –, excelentes banquetes... Sei não. Eu já sou o passado, ou melhor, o futuro de todos vocês, que, literalmente, significa desencarnação.
Bem, o espaço deste post está esgotando. Antes do ponto final, falta-me, evidentemente, lembrar a vocês que o nosso Dr. Carlos Chagas retomou o seu brilhante trabalho no Mundo Espiritual limpando vômitos de gente doente no chão! É isso mesmo que você leu: gente doente! Espírito é Gente! Pela época, não havia outra coisa que ele pudesse fazer, a não ser, segundo as suas próprias palavras: “Foi então, que, instintivamente, me agarrei aos petrechos de higiene e lancei-me ao trabalho com ardor.” E mais: ele diz que suou muito! Ou seja: a não ser que ele tenha suado por outras artimanhas biológicas, o perispírito continua possuindo glândulas sudoríparas! Louvado seja Deus! O que haveria de ser de nós, essa cambada de espíritos medíocres, se as nossas glândulas sudoríparas não sobrevivessem, continuando a nos dar a oportunidade de extravasar pelos poros as nossas mazelas morais!...
Um “viva” às glândulas sudoríparas!...

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 24 de julho de 2017.