segunda-feira, 16 de outubro de 2017

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – XXIX

Antes de darmos sequência às nossas reflexões sobre os capítulos de “Nosso Lar”, livro de autoria de André Luiz, gostaríamos de fazer uma observação. Não nos esqueçamos de que se, em suas obras anteriores, ou seja, nos demais volumes de sua extraordinária Coleção, o competente autor espiritual escreveu sob o endosso de sua própria vivência além da morte do corpo carnal, e, sobretudo colhendo depoimentos de elevados Mentores da Vida Maior, em “Evolução em Dois Mundos” e “Mecanismos da Mediunidade” (além do maravilhoso “Agenda Cristã”), ele revelou a sua própria capacidade de espírito altamente lúcido. Eis algo que, infelizmente, muitos dos que se referem a André Luiz, com o intuito de minimizar o valor dos livros de sua lavra espiritual, esquecem-se de destacar.
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No capítulo 35 de “Nosso Lar”, intitulado “Encontro Singular”, André Luiz nos relata experiência comovente e altamente instrutiva, semelhante, sem dúvida, a muitas com as quais os desencarnados se defrontam, quando, é óbvio, em desencarnando, têm oportunidade para tanto – porque, a grande maioria daqueles que deixam o corpo na Terra sequer logra oportunidade igual à que André desfrutou, logo que adentrou a cidade espiritual. Até mesmo para estarmos com possíveis desafetos, e pedir-lhes perdão pelo prejuízo que lhes causamos, necessitamos ter merecimento.
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Todos os que já tiveram oportunidade de ler “Nosso Lar” sabem que André, no capítulo 35, narra o seu encontro com Silveira, um dos integrantes dos “Samaritanos”. O próprio Silveira, ao vê-lo em “Nosso Lar” surpreende-se com a sua presença lá, posto, talvez, não esperar que André tivesse desencarnado tão cedo.
André sente-se constrangido, de vez que Silveira, junto com a família, tinha sido prejudicado pelo seu pai, que, na condição de agiota, em vista da impossibilidade de que Silveira resgatasse com ele o débito adquirido, o espoliara de todos os bens, deixando-o numa situação econômica muito difícil – então, o referido chefe de família estava doente, com dois filhos igualmente acamados, certamente, à época, vitimados por alguma enfermidade tropical.
A esposa de Silveira havia tentado obter a intercessão da mãe de André junto ao esposo, de nome Laerte, todavia ele não a ouviu, e, encorajado pelo próprio filho ainda muito jovem, levou a cabo a execução da dívida, que, inclusive, levara a senhora Silveira a ficar sem o seu piano. Escreveu o autor espiritual: “Derrotados na luta, os Silveiras haviam procurado recanto humilde no Interior, amargando o desastre financeiro em extrema penúria.”
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Silveira, ao reencontrar André, age cavalheirescamente, e, nem de leve, menciona o desagradável episódio, que, junto a outros equívocos, muito estava custando ao pai de André Luiz, retido em obscuras regiões umbralinas.
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Procurando Narcisa, igualmente sua conselheira nos primeiros tempos de “Nosso Lar”, André, naturalmente avexado, descreve o ocorrido, escutando dela o seu próprio depoimento: “Já tive a felicidade de encontrar por aqui o maior número das pessoas que ofendi no mundo. Sei, hoje, que isso é uma bênção do Senhor que nos renova a oportunidade de restabelecer a simpatia interrompida, recompondo os elos quebrados, da corrente espiritual.”
E, em seguida, ouve-lhe a pergunta: “Aproveitou você, o belo ensejo?” Ante a negativa de André, a simpática Narcisa o incentiva: “Vá, meu caro, e abrace-o de outra maneira. Aproveite o momento, porque o Silveira é ocupadíssimo e talvez não se ofereça tão cedo outra oportunidade.”
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Recordemos aqui a recomendação de Jesus: “Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho...”
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Atitude linda a de Silveira que, quando André o procura, para desculpar-se em seu nome e em nome de seu pai, praticamente nem o deixa terminar de falar, não consentindo que ele prosseguisse se humilhando – repetindo, que bela atitude! Quantos, antes de se disporem a perdoar algum mal entendido, esperam que o pretenso ofensor se humilhe ao extremo!...
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Terminando, em nossa síntese, Silveira diz a André: “... seu pai foi meu verdadeiro instrutor. Devemos-lhe, meus filhos e eu, abençoadas lições de esforço pessoal. Sem aquela atitude enérgica que nos subtraiu as possibilidades materiais, que seria de nós no tocante ao progresso do espírito?”
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Pois é, caros internautas, poucas perguntas desta vez, mas, com certeza, a mais incisiva de todas as que aqui já tivemos oportunidade de lhes formular: - Antes de passarem por um constrangimento semelhante ao de André Luiz deste Outro Lado, algum de vocês, se for o caso, já procurou aproveitar “o belo ensejo”?!

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 16 de outubro de 2017.