domingo, 4 de fevereiro de 2018

COMO VOCÊ INTERPRETA?! XLIII

Prosseguindo, no capítulo 43, de “Nosso Lar”, o Ministro Benevenuto, que tecia considerações sobre a iminência da guerra de 1939 a 1945, escuta um dos circunstantes a lhe indagar: - “Mas, o Espiritismo? (...). – Não surgiram as primeiras florações doutrinárias na América e na Europa, há mais de cinquenta anos? Não continua esse movimento novo a serviço das verdades eternas?”
A verdade, porém, é que o Espiritismo não logrou cumprir com a sua tarefa em solo europeu... Embora os esforços do Mundo Espiritual Superior e o de Allan Kardec, as trevas, momentaneamente, terminaram por prevalecer contra a Terceira Revelação, e, logo que o Codificador deixou o corpo, em 1869, disputas internas, principalmente as fomentadas por Leymarie, comprometeram a Doutrina. No que pesem todos os esforços dos adeptos sinceros, tendo à frente a viúva Allan Kardec, Amèlie Gabrielle de Lacombe Boudet, Leymarie, interessado em dinheiro e poder, cedeu espaço à Teosofia, deixando que as sucessivas guerras nas quais a França se envolveu terminasse com o trabalho de empanar o brilho da Doutrina na Europa.
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Benevenuto sentencia nas páginas de “Nosso Lar”: “O Espiritismo é a nossa grande esperança e, por todos os títulos, é o Consolador da humanidade encarnada; mas a nossa marcha é ainda muito lenta”.
Tendo se transferido – a Árvore do Evangelho – para o solo espiritual do Brasil, conforme narra, magistralmente, Humberto de Campos, nas páginas de “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, o Espiritismo, outra vez, está sob a mesma ameaça que fez com que ele se exilasse da Europa, pela ação quase dos mesmos espíritos que, a serviço das Trevas, impediram lá o seu maior florescimento.
De maneira estranha, os adversários da Causa seguiram Kardec ao Brasil, sendo que ele, tendo se corporificado como Chico Xavier, desde o começo de seu apostolado, em 1927, foi e vem sendo perseguido por aqueles que intentem lhe minimizar o esforço de complementar a Codificação. O trabalho missionário de Chico, da parte de alguns, vem sendo mesmo tratado com descaso.
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Chico dizia que Leymarie havia sido o “coveiro do Espiritismo na França”, e, ao que nos parece, prossegue ele, novamente encarnado, com a sua vocação para o sepultamento das ideias legítimas em torno da Doutrina do Consolador. Festejado como um de seus maiores líderes, como, igualmente, no século XIX, Leymarie, cria uma vertente psicológica no Espiritismo, que passa a concorrer com a evangelização do espírito de Emmanuel, que sempre se colocou a serviço do Cristo. Os estilos das Obras Mediúnicas da lavra de Chico Xavier são literalmente “copiados”, intento apenas não conseguido, pelos espíritos pseudossábios que o assistem, no campo da Poesia, porque não lograram imitar “Parnaso de Além-Túmulo”, e tampouco plagiar o inconfundível estilo literário de Humberto de Campos, por absoluta incapacidade espiritual e intelectual dos autores da mistificação.
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O Espiritismo, na atualidade, corre sério risco no Brasil, porquanto, infelizmente, contam-se às dezenas os que se matricularam na escola de Leymarie, olvidando os exemplos de vivência evangélica de Chico Xavier, que se caracteriza por ensinar e colocar a Doutrina em prática “á sombra do Abacateiro”.
Praticamente, com todas as Federações nas mãos, e o Movimento organizado em geral, Leymarie continua trabalhando para superar Kardec – a sua obcecante ideia, só Deus sabe desde quando!
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Benevenuto, no entanto, encerra as suas considerações, com palavras de otimismo: “Nossos serviços são astronômicos. Não esqueçamos, porém, que todo homem é semente da divindade. Ataquemos a execução de nossos deveres com segurança e otimismo, e estejamos sempre convictos de que, se bem fizermos a nossa parte, podemos permanecer em paz, porque o Senhor fará o resto”.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 5 de fevereiro de 2018.